Os rabiscos que traço, quase inconscientemente quando estou
pensando em ti
Revelam na confusa combinação de versos, desenhos e
arabescos,
Um misterioso quadro que hesito em aceitar como verdadeiro
Pois os sonhos adquirem vivacidade e nos transportam para um
universo
De dimensões diferentes das que estamos habituados a viver.
Tuas roupas molhadas de suor e lágrimas fazem transparecer
teus seios aflitos.
Os lábios úmidos exalam um perfume que me entorpece.
Caminhamos de mãos dadas num entardecer que não tem fim
Porque o sol recusa se esconder diante de tão deslumbrante
cenário
Em que ele próprio se projeta como estrela principal
iluminando nosso futuro amanhecer.
Lá adiante uma criança nos sorri , mas o que se vê no seu
sorriso são pétalas de margaridas
Brancas e amarelas, transbordando o ar com a essência do seu
perfume peculiar.
Ela quer caminhar conosco porque só ela representa a pureza
dos corações
Que se amam de verdade. Suas mãos se estendem no vazio ao
encontro das nossas
Mas se evaporam à nossa aproximação.
Uma tristeza inexplicável de repente toma conta de nós.
As lágrimas que vertem dos seus olhos vão aos poucos se
tornando poças d’água
Aos nossos pés, ameaçando transbordar até nos afogar
completamente
No meio da rua deserta. É que descobrimos com esse gesto que
não somos dignos
Do verdadeiro amor – do sentimento que é puro como a criança
que havia dentro de nós
E que deixamos morrer sufocada por nossa pressa de viver e
ser “feliz”.
O escuro da noite começa a tomar conta da cidade. As
estrelas curiosas por trás das nuvens
que passam, espreitam
o momento de nossa morte abraçados. Falta apenas o beijo fatal
que para sempre selará nossa viagem pelo universo. Eu busco
encontrar teus lábios para deles
extrair a última gota d’água que saciará minha sede mortal. Mas já não és mais que uma fonte
árida no amargo
deserto que nossa estrada veio a se
transformar.
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